1 de janeiro de 2006

O LOUCO

O número zero está aí para dar início ao 1. Não prescindimos do zero. Sua concepção foi o início da nulidade humana. A partir do zero pudemos todos libertarmo-nos das amarras numéricas e entregarmo-nos ao vazio redondo que o 0 representa.

Enfim, uma bênção. A tão esperada redenção não foi feita de um volume preenchido, mas de um volume tão vazio quanto preciso. Nada é mais preciso que o nada. Nada.

Então, rendamo-nos a essa grafia oval que nos libertou. Precisa e preciosa como é a morte. Ainda bem que morremos. Senão, não haveria a nulidade. O zero é a morte da quantificação estúpida a que somos submetidos o tempo todo. O zero é o tudo do nada.

Por isso os loucos, os insanos, não são compreendidos. Nem poderiam. Nem deveriam. A mágica da loucura está naquilo que nos consome sem que nos apercebamos disso. O nome disso é VIDA.

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