15 de setembro de 2009

dor de garganta e jogo de baralho

"Les Jeu de Cartes", de Theodoor-Josef Verschaeren - 1936

Às vezes eu acho que a minha dor de garganta constante advém não de fatores externos, mas das coisas que são difíceis de engolir e acabam ficando entaladas na minha garganta. Todo mundo sabe que estresse emocional pode se refletir em problemas físicos. Talvez seja isso que esteja acontecendo comigo.

Tive várias decepções na minha vida, assim como a maioria das pessoas. Talvez eu mesma já tenha sido uma decepção para outros. Enfim. Algumas pessoas com as quais me decepcionei, confesso que já era esperado. Afinal, cotidianamente é possível perceber as características das pessoas, do que elas são capazes de fazer, como se portam diante de situações éticas. Muitas vezes, quando vemos um amigo nosso agindo de forma que possa ser considerada errada, ou desleal, não paramos para refletir que, se ele é capaz de fazer isso com alguém, também pode ser capaz de fazer com você.
Mas ele pode. Pode fazer até pior.


É preciso ter muito cuidado para não ser enganado, mas mesm
o assim é difícil, pois as pessoas são muito egoístas, e geralmente não estão dispostas a considerar os sentimentos alheios. Às vezes, só sendo ferido por alguém é que tomamos o cuidado de não fazer o mesmo com os outros. Talvez isso seja só ilusão. Talvez todo mundo seja apenas egoísta e ponto.

Cada um corre atrás da vida, dos seus sonhos e desejos, e no caminho para a satisfação vai cortando galhos onde outrora ele se apoiou. Mas galhos não se regeneram, e escolhas são escolhas, muitas vezes irreversíveis. É uma pena que as pessoas não enxerguem isso tão bem quanto pensam que enxergam.

Uma a uma cartas de baralho se mostram no jogo. Dificilmente alguma fica de fora. E o caráter das pessoas, no jogo da vida, são as cartas. Às vezes são cartas boas pra você. Às vezes o seu triunfo é o fracasso de alguém. Às vezes, não - quase sempre. Bom mesmo é quando você consegue levar ao menos alguém com você para o topo. Lá pode ser solitário. E lá embaixo seus outrora amigos estarão se divertindo, e você estará lá, longe, muito longe, do que você imaginou ser a felicidade.
É de se lamentar que demore tanto tempo para que as cartas sejam colocadas na mesa. Felizmente, "antes tarde do que nunca".

Quanto tempo mais eu teria que usar uma venda? Pelo menos agora enxergo - uma verdadeira amizade não é fácil de achar, nem deveria ser jogada fora a troco de um carteado barato.

Mais uma vez, a Rainha de Espadas retorna no meu jogo, para cortar fora aquilo que não é necessário. Cortando fora galhos inúteis, para que novos galhos, mais resistentes, surjam; ou para que outros galhos, que poderiam estar sendo detidos por este galho oco, possam novamente se reerguer. O meu caminho é só meu. Não adianta tentar caminhá-lo. A legitimidade é imprescindível, não importa o que você faça da sua vida. Porque, se ao invés de jogar limpo, uma pessoa esconde cartas na manga, e com elas constrói um castelo, talvez só possa jogar a solitária "paciência".

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