4 de junho de 2008

Poesiando


Ontem passei a noite poesiando. Tive uma noite tranquila como há muito tempo não tinha. Espantosamente, não me lembro do sonho que sonhei, mas acordei descansada. Tem um cheiro doce e enjoativo que grudou no meu nariz. Perdi um compromisso, mas permaneço tranquila.

Demoramos para nos dar conta da realidade. Se o mundo é feito de pessoas, questiono o que as pessoas estão fazendo com o mundo. O que é mais importante na vida? As pessoas. Nada pode ser mais importante do que isso. Porque mesmo sendo o ser humano esse balaio de virtudes e defeitos, ainda assim nos apaixonamos, nos enredamos em amizades, choramos de saudade e de morte.

Vê? Mesmo sendo terríveis, as pessoas amam umas às outras. Odiar é fácil. O ódio é gratuito, mas o amor cobra muito caro sua estada.

Achamos que o ser humano é belo, que pode ser bom. Nos surpreendemos com as criações de nossos irmãos, e passamos a acreditar na possibilidade de uma vida digna.

E vem então a arte pra nos dizer que o impossível não existe.

Você não se importa. Por que justo você? Recebo tantas flores, mas de você não me chega sequer um perfume vulgar. Te ignoro. Te detesto. A brincadeira perdeu a graça e tornou-se um fardo.

Que saiam belas palavras do meu caos interno, a poesia compensa tanta dor?

Muitos anos depois, apenas quando já não dói mais.

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