11 de junho de 2008

Rumo ao Infinito


Rumo ao infinito.

No fim, todos perdem, ninguém ganha. C'est ça. É isso. Quisera eu poder ter seu amor, quisera eu pudesse aceitar esse amor, viver essa saudade, curtir a dor como se curte o couro do bicho, passada a bebedeira, passadas as companhias fugidias e casuais, passado o ontem, amarga na boca o gosto amargo remoendo meu estômago, por dentro e por fora, e tudo o que eu quero é vomitar e cagar, mas não consigo. O cheiro podre exala das botas velhas e sujas, a arrastão rasgada denuncia a polução noturna, e a cabeça tonta grita dentro de mim - menina tonta tonta tonta parece até que comeu sabão, arrotando bolhas coloridas, atraindo para si toda a sorte de crianças negras indígenas brancas orientais muçulmanas hindus, todas amam as bolhas arrotadas dessa menina tonta e burra.

No peito condensados os catarros dos cigarros fumados, dos vinte cigarros tragados, toda a fumaça exalada pelo antepassados exalando da minha boca dedos cabelos olhos dentes língua cílios testa mãos pele. Que nojo, meu peito não inspira, suga ar com força, meu nariz não respira, aspira o ar com dificuldade, e eu que nunca imaginei ser dessas pessoas que fumam, nunca pensei que seria dessas pessoas que sofrem por amor e choram escondido durante a noite abafando o pranto no travesseiro, dessas pessoas que fazem sexo casual e não se arrependem, dessas que fazem sexo casual e se arrependem. De qualquer forma, eu nada imaginava a meu respeito, a vida é além de mim, existe eu com a minha vida, e o mundo e a vida do mundo, que são os outros, que me vendem o cigarro a bebida o ingresso a camisinha o remédio e a coca-cola.

O mundo são os outros. Outros eu's, outros.

De repente eu parei de gostar de você, e de repente você parou de gostar de mim, mas a gente prometeu tentar até quando não houvesse mais amor, pra quê, pra gente poder se odiar, não, é claro, bobagem, o amor era pra ser incondicional, mas por que ele deveria assim ser, por que pra ser amor tem que ser eterno, POR QUÊ?

Não, eu não vou mais chorar, nem vou esperar seus telefonemas mudos surdos e loucos, vou me deitar nessa cama de grama nesse chão de asfalto nessa pindorama, vem, vou fumar esse cigarro, vou abortar esse amor e esse abraço, vou fingir que a dor não é comigo, e que ela nunca foi inquilina aqui. E essa agonia que você tá vendo aqui é porque eu não dormi bem hoje, nem vomitei meu ego em ninguém. Isso nem é assim tão importante, mas eu quero fazer questão de dizer que você foi destronado e eu não tenho súditos.

Mas de quem é esse retrato, de quem é esse desabafo, de quem é essa vida, por que as pessoas são inseguras e esnobes ao mesmo tempo, você sente saudade e ciúme, porque está mal e tudo vai bem, e nada vai bem mas você vai bem, que isso, não foi nada, inventaram que a gente tem obrigação de ser feliz, mas também não temos obrigação de sermos tristes, apenas sermos humanos.


LBB - 24/07/2006

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