4 de janeiro de 2012

2012, a empolgação inicial

Minha empolgação inicial com 2012 é facilmente identificável através do número de postagens do blogue. Consegui cumprir a primeira promessa do ano (e pode ser que seja a última): arrumei, de verdade, o meu quarto. Arrumar, na verdade, é, muito simplesmente, organizar de outra forma os objetos, mas que no fim acaba por ficar de uma maneira mais ou menos semelhante à que estava em vigor anteriormente. Inclui-se na arrumação a limpeza da poeira e o descarte de alguns objetos, que podem ser doados ou incluídos na categoria de lixo seco.

Inicialmente, durante o primeiro mês da minha estadia pródiga, eu fiz um limpa de roupas nos armários, e também de um pouco de papel. Formou-se uma montanha de roupas, que distribui em três diferentes montes, e dei a eles três diferentes destinatários. Também ganhei muitas vestes de minha tia que se mudou de apartamento novamente e se desfez de suas vestimentas - lindas, diga-se de passagem.

(E fico muito óbvio para mim que vivo com muito mais coisas do que realmente necessito ou utilizo. Isso por si só não é um problema. As lembranças não precisam ser úteis. Sua existência, ou sua virtude, sua razão de ser, contraditoriamente, é imaterial. E aquela ideia, muito difundida atualmente por gurus do desapego, de sempre dar uma coisa quando se ganha outra, é de fato muito boa. A acumulação de bens materiais não deveria ultrapassar sua utilidade. Quando temos muitas coisas, invariavelmente algumas delas tornam-se inúteis. Logo, o ato de se desfazer é, antes de tudo, para benefício próprio).

Há cerca de um ano e meio, dois anos atrás, eu rearranjei meus objetos (pastas, papéis, livros, cd's, dvd's, enfeites, postais, etc...), e especialmente retirei dos armários grande quantidade de papel. Coloquei-as na então recém-adquirida estante de metal, herança de outra tia. No afã, entuchei a estante de coisas que a fizeram requebrar as estruturas.

Pois neste início de 2012 coloquei a papelada e algo mais de volta para os armários. Um grande, um enorme alívio de tira-las de minhas vistas. Deixei - ou melhor, sobrou-me - um único espaço vazio, em um móvel de computadores de mesa, que foi mutilado em algumas partes para tornar-se outro móvel, desta vez de portáteis (notebook). Finalmente tenho o que eu tanto queria: uma mesa onde trabalhar, escrever, organizar minha vida. Embaixo, uns cd's, porta-trecos e vinis, e o espaço que restou, quase ínfimo, da largura de uma canela minha, é para por o pé. O outro está ocupado por alguns volumes de papéis lindamente ilustrados por desenhos e fotografias. Para eles não sobrou nenhum outro lugar.

O tampo de madeira do móvel mutilado (esquartejado?), serve, por enquanto, para duas coisas: suporte de copo, cinzeiro, celular em cima da cama, ao lado da mesa; e suporte de colo para o portátil. Tenho uma visão horizontalizada do meu quarto. Perdi um pouco a janela, mas ela está a apenas uma ligeira virada de pescoço.

Tirei as várias imagens que adornavam o quarto, e respirei aliviada. Retirei inclusivamente um quadro a óleo que minha mãe pintou, usando-me como modelo, quadro que há muito tempo eu gostaria de guardar, mas que não o fiz, afinal. Ontem foi um alívio. Coloquei um relógio em forma de vinil no lugar da pintura, e vou leva-lo para Portugal, pra ficar no lugar do relógio em forma de boliche (meu pai já foi campeão nesse esporte).

Os filmes agora estão na cabeceira da cama, e a pequena estante de livros e cd's descansa perto da porta.

Estou feliz com essa mudança. Ainda falta arrumar uma parte do armário, que devo fazer amanhã ou depois. Ontem organizei, e hoje curti a delícia de estar novamente com prazer dentro deste quarto que será sempre meu. Por um mês fiquei agoniada e não conseguia sentir paz aqui dentro. A bagunça e a incerteza tiravam meu ânimo e forças psicológicas de fazer as inúmeras tarefas que eu deveria. Finalmente consegui iniciar hoje um processo que poderá ser complicado devido à minha letargia e indulgência.

Nesta segunda ida à Portugal, quero ter certeza de que deixei as coisas mais organizadas, menos caóticas. Não posso mais me dar ao luxo de demorar tanto a pegar no tranco.

Mais uma vez, a empolgação do início do ano. Em 2010, ela durou o ano todo (acho até que aumentou sua intensidade). Em 2011, não passei por essa chama da empolgação porque vivi num continuum de emoções que não permitiram maiores reflexões acerca das mudanças da vida. E quando chegou setembro, quando o ano letivo inicia na Europa, eu sofri um baque e demorei muito pra me recuperar. Pus em jogo minha autoconfiança, e desabei muito facilmente.

A perspectiva da luta me amendronta, mas também me instiga a ter coragem de lutar.

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