17 de junho de 2008

7º Desbitola

Release e Programação

O cinema das mulheres

7º Desbitola exibe curtas de diretoras goianas e coloca em debate a visão feminina da sétima arte

Digite “diretora de cinema” na noosférica enciclopédia virtual do Google. Ao final da página você encontrará uma citação a Tizuka Yamazaky, uma a Madonna e uma a Helena Ignez. O restante refere-se a diretores do sexo masculino. Agora digite “as melhoras diretoras de cinema”. Inútil. Contrariando todas as regras da língua portuguesa, o Google lhe advertirá que, na verdade, você estava querendo dizer “as melhores diretores de cinema” (grifo deles!). Procurem em qualquer lista de cunho jornalístico e tempero pop os grandes diretores cinematográficos a citação de um nome feminino, e, por favor, me enviem quando encontrar.

Não, nada contra os diretores de cinema e suas brilhantes contribuições ao mundo da sétima arte. Também não intencionamos provocar querelas e chorumelas sexistas. Como de praxe, a intenção é promover o debate. Onde estão as nossas diretoras de cinema?

De todo o mal que a mídia e a fama excessiva podem causar à humanidade com o empobrecimento da cultura através da estandardização da mesma e da valorização de obras de gosto duvidoso, ao menos podemos agradecer pelo fato de que a exposição na imprensa e nos meios de comunicação facilita deveras o acesso aos bens culturais que poderiam simplesmente embolorar em centros de documentação, acervos de museus de imagem e som, cinematecas inacessíveis aos goianos ou enfurnados na prateleira de algum sebo da rua 4, no Centro de Goiânia.

Para que isso não aconteça no cinema goiano, a 7ª edição do Desbitola, o ciclo de debates de cinema mais redondo da cidade, promoverá a exibição de filmes dirigidos e produzidos por diretoras goianas.
Nesta edição, que acontece na última segunda-feira de junho, dia 30, às 20 horas, no Cine Cultura, o público poderá debater com a diretora Viviane Louise o seu premiado filme “Anjo Alecrim”, um documentário em 35mm que nos apresenta, em 18 minutos, o mundo fantástico de música, poesia e cores do compositor e violeiro Domá da Conceição. O filme participou de importantes festivais nacionais e internacionais, tendo recebido prêmio de Melhor Direção e Curta-Metragem pelo Cineclubes do Brasil em 2006, no II FestCine Goiânia; Melhor Trilha Sonora pela ABD/GO, em 2005, e participado do Festival Internacional de Cinema de Brasília (FIC), em 2007, e das mostras internacionais Mostra Présence et Passé du Cinéma Brésilien (Paris, 2005), I Festival du Film Court – (France, Mali, Bali, Israel - 2006) e Mostra Présence et Passe du Cinéma Brésilien, em Montpellier (FR), em 2007.

Duas ficções completam a noite feminina do Desbitola. O filme “Resto de Sabão”, de Rochane Torres, trata de uma temática delicada e séria: a violência contra a mulher, no contexto de uma relação de amor conflituosa, permeada por uma dança angustiante e metafórica. Finalizado em 35 mm e com 13 minutos de duração, o filme foi realizado em 2005 e conta com a direção de Fotografia de Kátia Coelho e edição de Levy Álvares. De sua carreira considerável em festivais, podemos citar o 5º Festival de Cinema de Campo Grande/FestCine Pantanal (2008), o 40º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2007) e a Mostra ABD/GO, onde levou o prêmio de melhor Filme e Fotografia ,em 2006. O curta também participou do FestCine Goiânia (2006) e da Goiânia Mostra Curtas (2005).

Dirigido por Simone Caetano, “Ecléticos Corações” tem como linha narrativa o reencontro de amigos após um longo período de afastamento. Apesar da dificuldade do tema, um tanto recorrente no imaginário cinematográfico, temos um filme com temperos de humor e ousados cortes secos e abruptos. O roteiro foi escrito por Narjara Medeiros e a história de 22 minutos é interpretada por atores goianos com reconhecimento no eixo Rio-São Paulo (leia-se Rede Globo), como Marcela Moura e Guido Campos, além do global Nico Puig (a diretora já trabalhou com a também global Cláudia Ohana). Com o prêmio de melhor Ficção concedido no último dia 14 pela Associação Brasileira de Documentaristas de Goiás, durante o X FICA, a diretora ganhou o troféu Pedra Goiana e 1.500 reais.

Para o debate deste mês de junho foi convidada a jornalista e mestre em Educação pela UFG, Jô Levy, que desde 2007 coordena o curso de Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e também leciona as disciplinas de “Realidade Regional do Audiovisual” e “Leitura Crítica das Mídias” nesta instituição.
Vamos discutir o cinema goiano?


Serviço

7º Desbitola – Ciclo de Debates do Cinema Goiano
O Cinema na ótica das mulheres
Dia 30 de Junho (segunda-feira)
20 horas
Cine Cultura
Entrada Franca
Realização: nÓis produções, Frita Filmes, Fractal Filmes, Traktana Filmes e Lídia Stock

Confira o vídeo no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=fs1jUPFDVXM


Programação - 30/06/2008 - 7º Desbitola

Anjo Alecrim (doc/18’/2005) – 35mm
Direção: Viviane Louise
Um documentário sobre o violeiro e cantador Doma da Conceição, que através de sua vivência conta um pouco sobre mitos, festas e ritmos da viola.

Ecléticos Corações (fic/22’/2008) – Digital
Direção: Simone Caetano
Uma referência à inexorabilidade do tempo e suas transformações. Um reencontro marcado por seis amigos há 23 anos.

Resto de Sabão (fic/13’30/2005) – 35mm
Direção: Rochane Torres
O filme questiona a violência em uma relação amorosa. A trama se passa em um ambiente bucólico e apresenta uma narrativa poética onde Paulo, personagem central, é um poeta aparentemente tranqüilo e indiferente, que por motivo não revelado espanca e mata Clara, que aparece morta boiando num lago.


Assessoria de Imprensa: Lígia Benevides e Marcela Borela
Contato (Imprensa): Marcela Borela (62 84047700) –
marcelaborela@gmail.com, (Cc) desbitola@gmail.com
Web:
www.flickr.com.br/photos/desbitola



REALIZAÇÃO
nÓis produções
Frita Filmes
Fractal Filmes
Traktana Filmes
Lídia Stock

PARCERIA
CARA Vídeo
UEG
Sebrae
Cine Cultura – Agepel – Gov. de Goiás

APOIO
Trident Desing
14 Bis
Ciranda da Arte
Centopéia
Sociedade
Glória
Icumam
Casa de Produção

11 de junho de 2008

H.O. Memórias de Arquivo - Cartaz

Rumo ao Infinito


Rumo ao infinito.

No fim, todos perdem, ninguém ganha. C'est ça. É isso. Quisera eu poder ter seu amor, quisera eu pudesse aceitar esse amor, viver essa saudade, curtir a dor como se curte o couro do bicho, passada a bebedeira, passadas as companhias fugidias e casuais, passado o ontem, amarga na boca o gosto amargo remoendo meu estômago, por dentro e por fora, e tudo o que eu quero é vomitar e cagar, mas não consigo. O cheiro podre exala das botas velhas e sujas, a arrastão rasgada denuncia a polução noturna, e a cabeça tonta grita dentro de mim - menina tonta tonta tonta parece até que comeu sabão, arrotando bolhas coloridas, atraindo para si toda a sorte de crianças negras indígenas brancas orientais muçulmanas hindus, todas amam as bolhas arrotadas dessa menina tonta e burra.

No peito condensados os catarros dos cigarros fumados, dos vinte cigarros tragados, toda a fumaça exalada pelo antepassados exalando da minha boca dedos cabelos olhos dentes língua cílios testa mãos pele. Que nojo, meu peito não inspira, suga ar com força, meu nariz não respira, aspira o ar com dificuldade, e eu que nunca imaginei ser dessas pessoas que fumam, nunca pensei que seria dessas pessoas que sofrem por amor e choram escondido durante a noite abafando o pranto no travesseiro, dessas pessoas que fazem sexo casual e não se arrependem, dessas que fazem sexo casual e se arrependem. De qualquer forma, eu nada imaginava a meu respeito, a vida é além de mim, existe eu com a minha vida, e o mundo e a vida do mundo, que são os outros, que me vendem o cigarro a bebida o ingresso a camisinha o remédio e a coca-cola.

O mundo são os outros. Outros eu's, outros.

De repente eu parei de gostar de você, e de repente você parou de gostar de mim, mas a gente prometeu tentar até quando não houvesse mais amor, pra quê, pra gente poder se odiar, não, é claro, bobagem, o amor era pra ser incondicional, mas por que ele deveria assim ser, por que pra ser amor tem que ser eterno, POR QUÊ?

Não, eu não vou mais chorar, nem vou esperar seus telefonemas mudos surdos e loucos, vou me deitar nessa cama de grama nesse chão de asfalto nessa pindorama, vem, vou fumar esse cigarro, vou abortar esse amor e esse abraço, vou fingir que a dor não é comigo, e que ela nunca foi inquilina aqui. E essa agonia que você tá vendo aqui é porque eu não dormi bem hoje, nem vomitei meu ego em ninguém. Isso nem é assim tão importante, mas eu quero fazer questão de dizer que você foi destronado e eu não tenho súditos.

Mas de quem é esse retrato, de quem é esse desabafo, de quem é essa vida, por que as pessoas são inseguras e esnobes ao mesmo tempo, você sente saudade e ciúme, porque está mal e tudo vai bem, e nada vai bem mas você vai bem, que isso, não foi nada, inventaram que a gente tem obrigação de ser feliz, mas também não temos obrigação de sermos tristes, apenas sermos humanos.


LBB - 24/07/2006

4 de junho de 2008

Poesiando


Ontem passei a noite poesiando. Tive uma noite tranquila como há muito tempo não tinha. Espantosamente, não me lembro do sonho que sonhei, mas acordei descansada. Tem um cheiro doce e enjoativo que grudou no meu nariz. Perdi um compromisso, mas permaneço tranquila.

Demoramos para nos dar conta da realidade. Se o mundo é feito de pessoas, questiono o que as pessoas estão fazendo com o mundo. O que é mais importante na vida? As pessoas. Nada pode ser mais importante do que isso. Porque mesmo sendo o ser humano esse balaio de virtudes e defeitos, ainda assim nos apaixonamos, nos enredamos em amizades, choramos de saudade e de morte.

Vê? Mesmo sendo terríveis, as pessoas amam umas às outras. Odiar é fácil. O ódio é gratuito, mas o amor cobra muito caro sua estada.

Achamos que o ser humano é belo, que pode ser bom. Nos surpreendemos com as criações de nossos irmãos, e passamos a acreditar na possibilidade de uma vida digna.

E vem então a arte pra nos dizer que o impossível não existe.

Você não se importa. Por que justo você? Recebo tantas flores, mas de você não me chega sequer um perfume vulgar. Te ignoro. Te detesto. A brincadeira perdeu a graça e tornou-se um fardo.

Que saiam belas palavras do meu caos interno, a poesia compensa tanta dor?

Muitos anos depois, apenas quando já não dói mais.

1 de junho de 2008


Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de mudar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor

Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha do que duvidar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de se dar
E pode aparecer onde ninguém ousaria se pôr

Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha o que considerar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?


de Adriana Calcanhoto