5 de julho de 2010
se a minha bateria não acabar antes...
Morrendo de sono, mas sem querer dormir. Por quê? Hum, vejamos... Dormir significa adentrar outro mundo, o dos sonhos, o do inconsciente. Significa parar e pensar sobre o dia, ou então, ou também, pensar sobre o dia vindouro, que logo raia, ou sobre a semana vindoura, que dia após dia se desdobra na mesmice da folhinha, ano após ano, a cada dia de um jeito.
Dormir significa deixar o domingo morrer, e com ele o fim de semana que eu tive, tão bom que eu pedi pra não acabar, mas o tempo é justo e firme: ele passa na hora que ele tem que passar. Sentada no conforto do sofá, com uma coberta generosa, de posse de um teclado generoso, eu penso na reunião que tenho amanhã de manhã, no texto sobre bicicleta que os meninos prepararam e que eu quero ler, e, ansiosa, não consigo dormir.
Quero ler e escrever, apenas. Uma vontade dominante sobre mim, atualmente, é essa de ler e de escrever. Lendo bons autores creio que é uma vontade inevitável. Com eles, de alguma maneira, sempre me sobrevem a ânsio do diálogo com o papel (ou com a tela). A facilidade de escrever e apagar no computador já foi de grande estímulo para mim, mas escrever no papel usando um lápis com borracha na ponta me faz sentir-me meio século 20, e eu gosto.
A bateria do laptop está acabando. Engraçado. Livros e cadernos não tem bateria. Lápis têm grafite (mas ele nunca acaba, porque desistimos do cotoco antes de usarmos tudo). Imagina que situação: você no auge da sua inspiração escrevendo uma tese ou romance (que no fundo é tudo a mesma coisa), e a bateria do laptop acaba? Chato. Ou então você está viajando e no momento está quase terminando de ler um Cony da vida, nalgum daqueles leitores digitais de livro. Você está quase no final, preparando-se para derrubar as lágrimas que cuidadosamente vem guardando desde o início do livro, ansioso por coroá-lo com um pouco de sal e água, deixando uma leve e sutil marca d'água, literalmente, que pingou do seu choro honesto. Não, não pode mais. Se pingar água no visor, pode ser que estrague. E se a bateria da leitora acabar? Ah, é sempre chato, né?
Não sou chata, mas gosto do retrô. Ele serve para nos lembrar de que a tecnologia é boa, mas que a melhor bateria a ser cultivada é a que nos move, que nos faz agir, pensar ou sentir, que nos motiva a seguir adiante. Não diga que a sua bateria acabou quando a que realmente esgotou é a do laptop. Não diga que quebraram a sua janela quando a janela agora aberta é a do carro que você dirigie. Não diga que entortou a sua roda, quando o que entortou foi a roda da sua bicicleta. Meu texto não tem pé, nem cabeça, mas, ainda bem, porque eu esses eu já tenho.
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