3 de agosto de 2016

As Três Marias


Lá se vão as Três Marias. Vão longe, voam, flutuam. Superam a carne. A vida transborda. Tudo é possível. A vida é o milagre mais difícil. Há resistências que não podemos superar. Há fatos. A vida é fato. A vida não é possibilidade, é tão-somente o que acontece. A vida é só o que acontece. E assim é mesmo quando não acontece, e não deixa de ser vida por isso. 

A névoa lhe cai bem, Três Marias. Longe daqui, só há poeira, gases, partículas. O universo se parece com um útero. O seu útero fértil, transbordando de vida. Ele se comunica com o coração, que pulsa por dois. Por duas. 

Lá se vão as Três Marias. Lá se vão, permanecer no firmamento, de onde não lhes podemos machucar. Minhas meninas. Meus amores. Há perdão.

Lá se vão as Três Marias, para não sumir da nossa vista. Para não nos deixar esquecer, assim como o orvalho não se esquece da flor. É o céu que chora por vocês, minhas meninas, minhas Três Marias.

Vê o sol, o mar? Vê a areia da praia, o peixe que nada, a bola que rola, a boca da criança que ri? Foi tudo feito para vocês, Três Marias, minhas três meninas.

Cá embaixo, na mordedura do cotidiano, nós aguardamos seu retorno. Porque a vida é milagre que não arrefece.

Eu vos aguardo, minhas meninas.

27 de julho de 2016

Viva o Chopp

Debochar de si mesmo sem parecer falsa modéstia, ou ainda, falta de amor próprio, é uma arte para poucas pessoas. E quando se dá a sorte de conhecer uma pessoa assim, só o que nos resta é rir, pois é genuinamente divertido.
 
Algumas pessoas debocham dos outros - quanto mais distante e oposto ao emissor, mais afiada a faca da língua.

Mas, oras, já que é pra debochar, por que não de si mesmo? Não é tudo tão engraçado?

A diferença entre o trágico e o cômico é que, quando me atinge, é trágico.

Cômico ou caricatural: não há relação, não há correspondência. Quando se diz que um grupo étnico é desumanizado, não é apenas uma palavra, mas um sentimento que corresponde a uma realidade: a de que alguns povos não irradiam simpatia para outros povos, ou que não se sente empatia por eles.

As homenagens em forma de #hashtags, bandeiras, cores, frases, superposições em fotos de perfil, demonstram onde se situa a atenção geral quando se trata de tragédias humanas - por exemplo, as séries de atentados terroristas que têm estado presentes, como um pesadelo antigo que retorna.

(Aos poucos, com as críticas à seletividade, as manifestações se arrefeceram, de certa forma; as guerras, por outro lado, não).


Nos deparamos com grande quantidade de massacres deliberados provocados por seres humanos contra outros - ou por negligência, como na hidrelétrica de Mariana (MG), que acarretou em mortes e destruição da vida de muitas famílias humildes -, e com a impossibilidade física e humana de se manifestar publicamente sobre todos eles.

Apesar de tudo, existe a música. E a literatura. E a poesia.

E, assim, extravasamos tudo o que não podemos gritar a todo momento.

(Escrito ao som do álbum "A Máquina Voadora" (1968), de Ronnie Von)



 
Viva o Chopp

Eu não quero saber quem sou
Enquanto o mundo gira eu vou
Não me importa saber da dor
Por onde ando vejo amor

Eu grito hey, hey, hey
Eu grito hey, hey, hey
Eu grito hey, hey, hey

Viva o sol e o mar, eu digo
Viva o azul e o verde, eu penso
Viva o chopp escuro no calor!

Vamos todos viver a vida
Pois ela acaba na avenida
A verdade está no céu aberto
E a felicidade tão perto

Eu grito hey, hey, hey
Eu grito hey, hey, hey
Eu grito hey, hey, hey

Viva o sol e o mar, eu digo
Viva o azul e o verde, eu penso
Viva o chopp escuro no calor!

Eu não quero saber quem sou
Enquanto o mundo gira eu vou
Não me importa saber da dor
Por onde ando vejo amor

5 de fevereiro de 2016

Cheiro de limão

É 2012 de novo. É sufocante. A trilha sonora mudou, mas ela soa a nostalgia. O cheiro é de limão. O cenário é o mesmo. Eu chego, fico.

Mas não é abandono. É só o cheiro do limão. O cheiro do não. O fedor do cigarro na mão.

No mercado, ajo como uma louca ao escolhê-los. Uma atividade tão banal como escolher limões para tomar de manhã pode levar alguém ao desespero, a um desespero útil, que é como uma chave que a vida te dá. Você usa a chave para abrir e dá de cara com a realidade. A lágrima presa na pálpebra faz as vezes de óculos,  deixa tudo mais nítido. Abaixo os olhos, limpo o nariz.

Eu estava sentada nessa cadeira, à esta mesma mesa, defronte este mesmo computador. Você chegou empolgado, com aquele sorriso enorme, cheio de dentes. Suava da pedalada e sempre chegava com a língua pra fora. Mil sacolas para guardar. "Precisamos pegar mais sacolas de plástico", você observou um dia. Andávamos muito ecológicos e já não tínhamos sacolas para usar nas lixeiras. Um problema, realmente.

Neste dia você trouxe muitos limões. Não faz muito tempo, você deve se lembrar. Trouxe os limões mais lindos que achou no mercado, buscou aqueles com a pela mais lisa, mais cheios do bendito sumo. E que lindo foi te ver ansioso para me mostrar os limões, se eles estavam do meu agrado, se você tinha escolhido bem. Eu te dei uma nota 9 e você fez um biquinho. Deveria ter tirado 10, pelo esforço.

Tudo isso não há de ser em vão.



6 de fevereiro de 2014

Peixe Morta

O ser humano pode ser tão fraco como uma mosca ou estúpido como um peixe. Às vezes, um ou outro se sobressai e abre um pequeno furo na mente das pessoas, por onde passa um pouco de ar ou um feixe de luz. A esses chamam de mentores, mestres, professores, pensadores - homens e mulheres. Durante a história da humanidade sempre vamos encontrar estas personagens que conduzem seus contemporâneos – e muitas vezes suas lições perduram para além de sua morte física. Em suas palavras e ensinamentos, os condutores da humanidade resistem e sobrevivem.
"Another Dead Fish". Drawing by Ribbitty Rabbitty
Na época em que não havia tantos meios de comunicação, o envio de cartas, postais e telegramas significava mais do que se comunicar – era de fato uma forma de se relacionar verdadeiramente com as pessoas (vide “Cartas a Théo”). As cartas eram cuidadosamente guardadas e de quando em quando relidas e relembradas. Nada nos impede de hoje em dia fazermos o mesmo com os nossos… e-mails?, mas só quem possui uma caixa de sapatos cheia de memórias eternizadas em finos papéis de carta e grossos papéis-cartão, dentro de envelopes rasgados e selados, sabe do que estou falando. Não é difícil perceber a diferença entre um punhado de cartas e 15 gigabites de informações desencontradas e divididas em vários endereços de e-mails, perfis da sociedade virtual e afins.
Penso na lei da oferta e da procura, tão cara ao capitalismo, e que é a medida do valor das coisas. A grande quantidade de informação de que dispomos nos torna negligentes com relação a ela. Ao mesmo tempo que nos angustiamos ao percebemos o quanto há para se conhecer, saber e aprender, nos conformamos com a postergação infinita que cabe dentro de um marcador de páginas favoritas, ao qual sempre podemos recorrer. Sobra um pouco de angústia ou de ansiedade.
Se eu fosse me analisar, diria que sou muito mais apegada ao passado e à memória do que poderia ser considerado inteligente. Sim, porque meu apego me faz sofrer quando penso nas coisas – ou melhor, nos sentimentos ligados às coisas – que eu perdi, seja como tenha sido. Por outro lado, o que mantém esta minha forma de ser é justamente o prazer que existe quando manuseio os traços do meu passado, das minhas memórias – não é, afinal, isso que verdadeiramente importa? Bem, há os que discordarão, fortuitamente. São pessoas que vivem mais ligadas ao presente, que sabem deixar o passado pra lá e viver o agora e o amanhã. Possuem essa característica que admiro e às vezes até invejo, e que já busquei em mim. Mas eu não sou assim, desprendida. Sou agarrada. A memória é o meu chão.
De uns tempos pra cá pessoas que haviam absolutamente sumido da minha vida voltaram a fazer parte dela de uma maneira muito presente, através da internet. De fato, com algumas, foi possível manter, ou estabelecer, ou reestabelecer, um certo contato digno de notação. Esses posso contar nos dedos de uma das mãos. Por algum motivo, a comunicação à distância com essas pessoas nos possibilitou nos relacionarmos verdadeiramente – ou melhor, suficientemente, na medida em que é possível se relacionar da forma como temos feito desde que as redes sociais surgiram, lá no início dos anos 2000.
Hoje já existem outras mil formas de nos comunicarmos via internet, e as pessoas vão aos poucos conhecendo e fazendo uso dessas ferramentas como melhor lhes aprouver. As pessoas se comunicam, se falam, contam suas histórias, partilham seus segredos. Uns se expõem a um nível que beira o perigo ou o ridículo, outros se preservam, observando e julgando. Mas acho que poucos se relacionam. Manter amizades de forma mais virtual do que presencial nos empobrece de várias formas, e isso porque acreditamos que escrever nossos pensamentos imediatos ou estar sempre a declarar alguma coisa nos torna mais próximos dos outros. As pessoas pensam que se comunicar é se pronunciar, mas com a escrita no computador perdemos o olhar, o toque, o cheiro, o som do tom de voz, o gaguejo, a dúvida, o sorriso no canto escondido, a mão nervosa no cabelo. Não ouvimos o timbre nem percebemos o drama. Todos falam ao mesmo tempo, ninguém ouve o que o outro tem a dizer. Se lhe fazem uma pergunta, será que é por que se importam ou por que estão apenas curiosos? Será que buscam fazer uma comparação para averiguar a situação da própria vida relativamente à dos outros?
Todos fazem isso, de uma maneira ou de outra. Mas a realidade virtual é bem mais nebulosa: ela é construída, pensada, mesmo que de forma pueril, mesmo que com indiretas ou frases de efeito, mesmo que com desabafos raivosos. Mostramos aquilo que queremos mostrar, seja o que for aquilo que nos impulsiona: promoção pessoal ou desamor próprio. Cada um tem a neurose que lhe cabe. Não é que alguém nos perguntou algo. Aquele que pergunta "Em que você está pensando?" não é um alguém que se importa: é uma máquina que lhe dá uma desculpa para escrever.
(Pelo menos as pessoas têm escrito mais. E lido mais. Não é?)
Não sei.
As pessoas vão a psicólogos, psiquiatras e terapeutas porque precisam antes falar ou serem ouvidas? 
Necessitamos da compreensão dos que nos são caros. Mas, quem de fato está disposto a ouvir, ou a ler o que se tem a dizer, quando há tanto para ler e ouvir e ver e perceber e compreender? A urgência em falar acomete a todos de uma vez: vêm as opiniões e os conselhos que você não pediu pra receber. As pessoas lhe perguntam, mas, no fundo, elas não querem saber verdadeiramente. Não lhes interessa de fato que você fale o que viveu, pensou e sentiu, a aproximação não é genuína quando há simplesmente uma vontade de saciar aquele algo mal resolvido que existe lá dentro de não sei onde.
As pessoas têm pagado seus terapeutas por que lhes falta quem lhes ouça de olhos fechados, quem se interesse. Talvez existam uma ou duas pessoas em todo o mundo com quem posso realmente conversar com mais frequência sobre meus pensamentos e reflexões. E eu entendo isso. Primeiramente porque não sou assim uma pessoa tão interessante, que tem tanto para ensinar, como os sujeitos do primeiro parágrafo. Não é fácil ser amigo de alguém, é preciso que haja um desinteresse egoísta muito grande para que isso aconteça de forma válida. E as amizades também têm suas fases.
Talvez a grande diferença entre os casais e os amigos seja mesmo essa: quando estamos tendo um problema com um amigo ou amiga, podemos nos afastar temporariamente sem maiores problemas ou dramas. Já os casais geralmente vivem as tensões de maneira mais catastrófica – dá certo ou não dá? Porque se for, tem que ser agora. E tem que dar certo sempre. Se uma pessoa fica casada com a outra por 15 anos, mas se separam, muitos vão lhe dizer que é uma pena que não tenha dado certo. Quinze anos juntos e não deu certo? É uma perspectiva que desmerece toda uma história e um passado. Digamos que deu certo por 13, 14 anos, e que lá pelas tantas, já não deu mais. Se isso não for considerado, a vida perde o pouco do sentido que tem.
Que triste ilusão a hipocrisia nos fornece dos relacionamentos humanos. Fica a pergunta a martelar: o que são amizades “de verdade”? O que é um relacionamento “de verdade”? O que é um interesse “de verdade”? Espero viver o suficiente para um dia tentar responder a isso.


3 de fevereiro de 2014

Chamada para artigos sobre o documentário Íbero-Americano contemporâneo

Diante da morte do documentarista Eduardo Coutinho, de uma forma abrupta e impressionante, o que pode ser feito? Ver seus filmes, analisá-los, conservá-los e difundi-los. Recebi por e-mail um "call for papers" que veio a calhar nesse sentido.

A revista de cinema Doc On-Line está com inscrições abertas para sua 16ª edição, cujo tema será o Documentário Ibero-Americano contemporâneo. Diferentes abordagens compõem a publicação: Dossier Temático, Artigos, Análise e crítica de filmes, Leituras, Entrevista, Dissertações e Teses. 

Com duas edições ao ano, a Doc On-line é uma parceria luso-brasileira entre Universidade da Beira Interior (UBI, Portugal) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, Brasil). Os editores da revista são Manuela Penafria, da UBI (que foi minha orientadora no mestrado com o "Filmes de Papel") e Marcius Freire, da Unicamp. A publicação é excelente e transita de forma abrangente no estudo do cinema documentário, com diversidade temática e, segundo o site, "com especial ênfase nas abordagens de carácter multidisciplinar".

Lançada em dezembro do ano passado, a última edição tem como foco o tema História e Documentário, e dedica-se a pensar a representação da História no documentário, bem como a contribuição do documentário na construção de uma representação histórica. A partir do olhar da Nova História, defendida por Marc Ferro, o documentário - e, principalmente, a contabilidade dos feature films - são ingredientes importantes para a análise e reconstrução do passado. A diversidade de textos é riquíssima: confira a 15ª edição aqui.

O prazo para envio dos textos é dia 20 de junho. Veja mais sobre as inscrições para a 16ª edição da DOC On-line: Revista Digital de Cinema Documentário aqui.

23 de janeiro de 2014

Curtas-metragens realizados no projeto “Línguas em Vídeo” disponíveis na internet a partir do dia 27

Na próxima segunda-feira, 27, a partir do meio-dia, os vídeos produzidos no âmbito do projeto “Línguas em Vídeo – Multilinguismo e Inclusão Cultural em Narrativas Audiovisuais” (LEA/MSI-IL-UnB) estarão disponíveis na internet para visualização em seu canal no YouTube.
Lançamento do DVD na Faculdade de Tecnologia da UnB
O projeto teve início em abril e o DVD com os quatro curtas-metragens foi lançado em dezembro do ano passado, na Faculdade de Tecnologia da UnB, com a presença de professores, alunos e membros da comunidade. Foram produzidas cerca de 300 cópias, a serem distribuídas gratuitamente para estudantes, professores e pesquisadores do Instituto de Letras. “Apesar de termos produzido um DVD para promover culturas de minorias linguísticas, a divulgação via internet aumenta o alcance do trabalho desenvolvido. Devido ao objetivo educacional do projeto, os vídeos foram legendados em francês, mas ainda queremos produzir legendas em espanhol e inglês por serem línguas de trabalho dos estudantes de LEA-MSI”, afirma o coordenador do projeto, prof. Marcos de Campos Carneiro.
Os vídeos foram produzidos, roteirizados e dirigidos por estudantes da UnB, e todos possuem janelas de Libras. Os curtas “O Bacharelado em LEA/MSI” e “Casa da Palavra” são legendados em francês; o curta “Universidade para Todos?”, em sua maior parte protagonizado em Libras, possui legendas em português; por fim, “Kwaryp – Alegria do Sol”, possui legendas em kamaiwrá e em português. Desta forma, para contemplar a diversidade linguística do projeto, haverá duas versões de cada um dos filmes na internet: uma em Libras e uma legendada.
Profa. Enilde Faulstich fala sobre o Multilinguismo no IL
Participaram do projeto alunos dos cursos de Línguas Estrangeiras Aplicadas (LEA/MSI), de Letras/Libras, e de Tradução do Instituto de Letras. “O objetivo deste projeto foi de capacitar os alunos para a produção de vídeos que apresentassem à sociedade o trabalho desenvolvido nos cursos de Letras da UnB. É uma forma de mostrar à comunidade acadêmica e não-acadêmica aquilo que é produzido na universidade. Além disso, também é uma maneira de atrair novos alunos para estes cursos”, explica o prof. Carneiro. 
Os filmes produzidos são “O Bacharelado em LEA/MSI” (7 min, dir. Márcio Henrique S.P. Souza), sobre o curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas; “Casa da Palavra” (9 min, dir. Lígia Benevides), que trata do multilinguismo no Instituto de Letras; “Kwaryp – Alegria do Sol” (11 min, dir. Páltu Kamaiwrá e Chandra W. Viegas), sobre o ritual Kwaryp e o projeto de doutorado do linguista indígena da UnB, prof. Páltu; e “Universidade para Todos?” (11 min, dir. Saulo Machado), sobre a presença da Língua Brasileira de Sinais nos cursos e no vestibular da UnB. 
A equipe de realização de "Universidade para Todos?"

O projeto “Línguas em Vídeo” recebeu o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do GDF (FAC/GDF). A realização é do curso de Línguas Estrangeiras Aplicados ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação (LEA/MSI), do Instituto de Letras (IL) e da Universidade de Brasília (UnB). Colaboração de Conosco – Cinema e Arte, UnB TV, Trilha Mundos e Instrumento de Ver; e apoio do Laboratório de Línguas Indígenas (LALI) e o departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET). O lançamento do DVD foi organizado e patrocinado pelo Eventos/LET.



Créditos das fotos: Claudia Sachetto (Trilha Mundos) e Messias Ramos

Serviço:
Lançamento Web do projeto “Línguas em Vídeo”
27/01/2014 - segunda-feira
A partir de 12h


Assessoria de Imprensa:
Lígia Benevides (Conosco – Cinema & Arte)
(61) 8134-6834


25 de novembro de 2013

Universidade de Brasília promove lançamento de filmes produzidos e dirigidos por estudantes de Letras

Cartaz de divulgação
Acontece no dia 9 de dezembro, às 14h, no auditório Roberto Salmeron (Faculdade de Tecnologia – Campus Darcy Ribeiro) o lançamento oficial do DVD “Línguas em Vídeo – Multilinguismo e Inclusão Cultural em Narrativas Audiovisuais”, com a exibição de quatro curtas-metragens produzidos por alunos dos cursos de Letras da Universidade de Brasília (UnB).
O DVD é resultado do curso de extensão de mesmo nome, que teve início em abril e promoveu oficinas, palestras e cursos sobre produção audiovisual, com a participação de alunos dos cursos de Línguas Estrangeiras Aplicadas, de Letras/Libras, e de Tradução do Instituto de Letras. “O objetivo deste projeto foi de capacitar os alunos para a produção de vídeos que apresentassem à sociedade o trabalho desenvolvido nos cursos de Letras da UnB. É uma forma de mostrar à comunidade acadêmica e não-acadêmica aquilo que é produzido na universidade. Além disso, também é uma maneira de atrair novos alunos para estes cursos”, explica o coordenador do projeto, prof. Marcos de Campos Carneiro.
A ideia do projeto surgiu a partir de uma publicação acadêmica do prof. Carneiro no III Simpósio Internacional sobre o Multilinguismo no Ciberespaço, organizado pela Rede Mundial para a Diversidade Linguística (MAAYA). A pesquisa faz uma análise da importância do multilinguismo na sociedade atual, especialmente com a presença da Internet no cotidiano das pessoas: “Existem aproximadamente 6 mil línguas vivas no mundo. No Brasil, além do português brasileiro, encontramos também as línguas indígenas e a língua brasileira de sinais (Libras). Com estes vídeos, queremos mostrar a importância de valorizar as línguas de baixa difusão, que também devem ter asseguradas seu direito à expressão e à comunicação”, ressalta o professor.
Além da exibição dos curtas, haverá uma palestra com a profa. Enilde Faulstich, do Instituto de Letras, e debate com os realizadores após a projeção. Após o debate, haverá um coquetel com sorteio dos DVD's.
“Este é um projeto de interesse de toda a comunidade. O multilinguismo dentro de uma sociedade pode ser visto como um termômetro de sua tolerância ao multiculturalismo. O Brasil é um país de muitos sotaques, mas também de muitas línguas. Com estes vídeos, queremos que as pessoas se atentem para esta realidade e que percebam a riqueza das línguas brasileiras”, conclui o prof. Carneiro. Todos os vídeos possuem tradução para Libras.
Rótulo do DVD
Os filmes exibidos serão “O Bacharelado em LEA/MSI” (7 min, dir. Márcio Henrique S.P. Souza), sobre o curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas; “Casa da Palavra” (9 min, dir. Lígia Benevides), que trata do multilinguismo no Instituto de Letras; “Kwaryp – Alegria do Sol” (11 min, dir. Páltu Kamaiwrá e Chandra W. Viegas), sobre o ritual Kwaryp e o projeto de doutorado do linguista indígena da UnB, prof. Páltu; e “Universidade para Todos?” (11 min, dir. Saulo Machado), sobre a presença da Língua Brasileira de Sinais nos cursos da UnB.
O projeto “Línguas em Vídeo” recebeu o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do GDF (FAC/GDF). A realização é do curso de Línguas Estrangeiras Aplicados ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação (LEA/MSI), do Instituto de Letras (IL) e da Universidade de Brasília (UnB). Colaboração de Conosco – Cinema e Arte, UnB TV, Trilha Mundos e Instrumento de Ver; e apoio do Laboratório de Línguas Indígenas (LALI) e o departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET). O lançamento do DVD é organizado e patrocinado pelo departamento de Eventos do LET.
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Programação

14h 14h10: Abertura

14h10 – 14h25
: Prof. Marcos Carneiro – Coordenador do Projeto Línguas em Vídeo; Representante do Instituto de Letras; e Representante do Fundo de Apoio à Cultura – FAC/GDF

14h30
Palestra da Prof. Dra. Enilde Faulstich – Multilinguismo no Instituto de Letras

15h
Exibição dos filmes

O Bacharelado em LEA/MSI – inst | 7’ | Dir. Márcio Henrique Sanchez Prates Souza
O curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas é um dos mais recentes da UnB: foi criado em 2010, dentro do programa de Reestruturação das Universidades Federais (Reuni). Nesta curta, os professores do curso explicam as diferentes linhas de atuação e de pesquisa oferecidas pelo curso, como tradução audiovisual, inserção de línguas minoritárias no mundo digital, censos linguísticos, criação de dicionários, criação de webpages acessíveis, terminologia e organização de conferências internacionais.

Casa da Palavra – fic/doc | 9’ | Dir. Lígia Benevides
Kathy é de Cabo Verde e veio fazer o curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas na Universidade de Brasília. Ela tem colaborado na realização de um documentário sobre a presença de estudantes africanos na UnB. Quando Kathy precisa fazer um trabalho sobre Multilinguismo no Instituto de Letras, onde estuda, o documentarista decide acompanhá-la em sua pesquisa.

Kwaryp - Alegria do Sol – doc | 11’ | Dir. Páltu Kamaiwrá e Chandra Wood Viegas
Páltu é doutorando em Linguística no Laboratório de Línguas Indígenas (LALI) da Universidade de Brasília, e realiza uma pesquisa sobre o Kwaryp, ritual oferecido a líderes recém-falecidos, em várias aldeias do Alto Xingu. Quando seu pai morre, Páltu deve voltar para casa e oferecer o ritual ao seu falecido pai, que era líder na comunidade Kamaiwrá.

Universidade para Todos? – doc | 11’ | Dir. Saulo Machado
Neste documentário, escrito, produzido, editado e dirigido por falantes de Libras, um grupo de alunos do curso de Letras/Libras da UnB coloca em discussão a acessibilidade do Vestibular para pessoas com deficiência auditiva. Os alunos questionam a atual forma de ingresso na universidade, e trazem novas propostas para tornar o processo seletivo mais justo e adequado aos surdos.

16h – 17h
Debate com os realizadores dos filmes
Mediador: Prof. Marcos Carneiro

17h
Coquetel e sorteios dos DVD’s



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Serviço:
Lançamento do DVD “Línguas em Vídeo
09 de dezembro de 2013
14h às 18h
Auditório Roberto Salmerón da Faculdade de Tecnologia/UnB
Classificação Indicativa: Livre
Entrada Franca
Evento no Facebook

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Assessoria de Imprensa:
Conosco/Lígia Benevides
(61) 8134-6934