Jenni Tapanila |
SENTIR
PRAZER. A FOLHA BRANCA DO COMPUTADOR, NA VERDADE, NÃO EXISTE. ASSIM
TAMBÉM NÃO EXISTEM OS MEUS PENSAMENTOS. A QUAL PROCESSO DE
ENLOUQUECIMENTO DEVO RECORRER PARA RESGATAR AS MEMÓRIAS ESQUECIDAS?
MEUS PARÂMETROS DE PERTURBAÇÃO MENTAL JÁ NÃO ENGLOBAM TODA MINHA
LOUCURA, APENAS PERMEIAM VARIADAS ESSÊNCIAS E CONJUNTURAS. QUANDO SE
TRATA DE MIM, GERALMENTE ME PERCO. QUAL É O SENTIDO DE ACACHAPAR-ME,
EMBEBIDA EM ÁLCOOL COMO UM FETO, SE NÃO DISTINGO MAIS, DENTRE AS
FILOSOFIAS, AQUELA QUE ME CORRESPONDE NO LIMITE LONGITUDINAL DA
TERRA?
O
QUE ME ALIVIA É SABER QUE SEMPRE, SEMPRE, EXISTIRÁ O TEATRO DA MAIS
OBSCENA ESPONTANEIDADE. É NELA QUE A VERDADE CONFIA SUA ESTADA.
TROPEÇO
PELO CAMINHO ÀS AVESSAS. ME ENCAMINHO PELAS PARREIRAS, CHUPO AS
UVAS. ENTONTEÇO-ME DE LUXÚRIA MASTURBATÓRIA. AGORA É MINHA
PRÓPRIA CABEÇA QUE GIRA, ENQUANTO MEU PEDESTAL SE DEPENDURA LIGEIRO
SOBRE MEUS OMBROS MAGROS E REDONDOS. CARNE DE PESCOÇO PARA AQUELES
QUE APRECIAM O BEM-COMER.
SENTIR
DOR. UM PEDAÇO INACABADO DE UMA ALEGRIA MAL CONDUZIDA. DA EUFORIA
PARA A DECEPÇÃO É PEQUENO O ESPAÇO. QUANDO ME DOU CONTA DO TRATO
QUE RECEBO, ME VEM À CABEÇA O TRATO QUE DEVO. SE A VIDA ME PERMITE,
VOU AFINAR AS CORDAS DO MEU PENSAMENTO E SUBMERGIR EM ALGUM OCEANO
QUE ME AFOGUE.
Lígia
B.B.
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