Jenni Tapanila |
Pobre poeta da gota
Tateia a rota pelo atalho
Qualquer coisa
Um pedaço de um achado
Adubo das idéias
Vaso para plantar a muda
Calada, pálida
e rouca muda
Que nasce e renasce através
do império da morte
se é preciso ver: óleo
se é preciso ouvir: mel
se, antes, é preciso falar: calabouço
se, depois, toco: couro
claro
que sinto a dor
meu olho é tato: dói
minha boca é tato: de lambuja
lambreco a rua
com a baba dessa língua furada.
É chuva.
Sinto o giz seco na mão
A pele é dor
derme e tatuagem
Rugas de amor não saem nunca
Rusgas de personagens
Apreciam a falta de tato
Calabouço da linguagem
Presa fácil pro desgosto
Quando toco sinto torto
Sinto tosco
Sintootodo
Sinto tanto
Sinto muito
E eu
Caio esbarro sangro morro
Aperto choque bambo escorro
Corto dedos pele choro
Quente frio mole morno
Afio pêlo tesouras moldes
Cachos lisos duros moles
Desafio à parte
Conduzindo as sensações até o portão ao lado
Traduzindo o código do meta ao tátil
Celebrando escamas pêlos poros
De novo
Se eu tiver que cantar, eu oro
Pra olhar, eu óleo
Pra dormir, me enforco
Fico roxo azul e verde
E morro.
A vida é ardida.
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