26 de maio de 2010

Minha vida em duas rodas: a saga de magali, a magrela

Desde o meu primeiro dia de vida em Brasília, o que eu mais queria era ter uma bicicleta para saracotear por aí pedalando. Assim que consegui a minha magrela, preta e amarela, a quem carinhosamente chamo de Magali, comecei a pedalar. Inicialmente, meus trajetos eram modestos: UnB e imediações. Aos poucos, sem perceber, comecei a diminuir o tempo que eu gastava pra ir de um lugar a outro: meu condicionamento físico agradeceu as pedaladas tornando-se melhor e mais resistente.

Não é fácil usar a bicicleta como meio de transporte. Às vezes a distância é muito grande, às vezes está muito ensolarado, às vezes muito frio, às vezes chove. Motoristas que acreditam piamente que as vias asfaltadas são para seu uso exclusivo atrapalham demais a vida do bicicletista. Eles buzinam, xingam, passam a menos de 30cm de distância de você, enfim, agem como dementes. Mas a malandragem tem paciência, sabe esperar. Daqui a uns anos veremos várias ruas das cidades fechadas aos carros e permitidas somente às bicicletas e aos pedestres. Esse dia há de chegar.

Com o tempo fui ficando mais esperta com relação aos caminhos que poderia pegar. Parei de andar nas fedidas passarelas de Brasília para me arriscar nas tesourinhas. Na primeira vez, achei que fosse infartar, tamanha a quantidade de adrenalina correndo velozmente pelo meu sangue. Gritei um UHU que ecoou viaduto adentro, e saí viva e feliz, cortando as asinhas da cidade pela tesourinha (agora eu entendo esse “apelido”). Hoje em dia, já sei quais são as melhores tesourinhas, as mais íngremes, as mais conservadas, as mais vazias. Isso contribui muito para minha mobilidade biciclística.

Há umas semanas atrás um primo meu que mora há muitos anos em Brasília revelou sua vontade de começar a pedalar, mas acrescentou o medo do perigo. O perigo não está em andar de bicicleta. O perigo está nos motoristas estúpidos, sem educação, egoístas, que, não satisfeitos com as largas vias da cidade, ameaçam com sua máquina de correr a vida das pessoas, por cinco segundos a mais que terão que esperar. As pessoas falam de paz, de amor, de tranqüilidade, mas nada disso passa pela cabeça delas quando estão dirigindo. A “sociedade do automóvel” é egoísta demais para ter o entendimento de que uma pessoa em uma bicicleta é apenas uma pessoa em uma bicicleta, e não um criminoso, um sacana, que está ali só pra te atrapalhar.

Não consegui incentivar meu primo. Eu me garanto, mas se algo acontecesse a ele, eu me sentiria mal pra sempre.

Os motoristas xingam os pedestres quando estes andam num passo normal pela faixa. Muitos, eu já ouvi, dizem que “a pessoa pode até passar pela faixa, mas tinha que acelerar o passo”. Eu não vou nem comentar. Aliás, eu vou sim. Compare a extensão de uma rua com a extensão de uma faixa de pedestres. A faixa deve ocupar cerca de 0,001% da extensão de toda a rua, e ainda assim, o pedestre tem que “andar rápido”. Tenho preguiça da falta de consciência da sociedade brasileira. Seremos uma sociedade sem solução?

Há um ano um grupo de jovens que usam a bicicleta como meio de transporte fez uma placa onde estava escrito “Praça das Bicicletas”. Penduraram-na em um poste que ilumina o Conjunto Cultural da República, em Brasília (DF). É uma imensa quadra, onde existe uma biblioteca, que aos poucos toma vida, e um museu, que abriga exposições, exibições de filmes, palestras e afins. Ao redor, um vazio preenchido por poucos bancos e muito cimento e concreto, convidativo aos skatistas, patinadores e ciclistas. Pendurada a placa, ali agora é a Praça das Bicicletas, que abriga um paraciclo e muita tinta colorida no chão, com desenhos de bicicletas.

Depois de amanhã, dia 28, às 19h, comemora-se um ano dessa ação afirmativa dos bicicleteiros de Brasília, com uma Bicicletada de Aniversário comemorando 1 ano da inauguração da Praça das Bicicletas. Leve sua bicicleta, apitos, balões e, principalmente, sua alegria e disposição. É preciso que as pessoas respeitem a diversidade também no trânsito. Há espaço para todos. Eu escolho a bicicleta, o vento na cara, os cheiros que só sente quem respira fundo, o suor, o calor e a vida.

marcha da maconha 2010


Quinta-feira, dia 27 de maio de 2010. Três horas da tarde. Quem não estiver trabalhando e for simpatizante às idéias correntes de revisão da legislação brasileira a respeito do uso da erva cannabis, siga rumo à reformada Catedral, de onde partirá a Marcha da Maconha - Brasília de 2010.

Brasília é a antepenúltima cidade a realizar a marcha. No dia 29 ela acontece ainda em Salvador, e no dia 30 em Natal. A primeira das marchas desse ano foi no Rio de Janeiro, no mesmo dia do Trabalhador, e em Recife no dia 2. A Marcha já aconteceu ainda em Belo Horizonte, Porto Alegre e Vitória (8), Curitiba e Fortaleza (16), e Florianópolis e São Paulo (23).

O horário vespertino e o calendário marcado no meio da semana talvez acabe por limitar a participação de maconheiros ou simpatizantes que possuam carteira assinada ou coisa que o valha. Alunos das universidades podem ter que escolher entre cabular a Marcha ou a Aula (aí vai de cada um). Donas-de-casa, babás sem nenês e pessoas sem atividade remunerada regular parecem não se incomodar com o horário escolhido pela organização da Marcha Federal. Já um amigo meu, maconheiro convicto (nato acho que é demais), com razão indignou-se com o esquecimento dos trabalhadores, e sugeriu, em suas indagações, que houvesse uma Marcha da Maconha em um domingo, no Eixão (do Lazer?! Aê!).

Lembrando que uma parte dos bicicletistas da cidade, dentre os quais eu me incluo, pretendem participar da marcha pedalando. Skatistas, patinadores, maratonistas e até alguns marchands têm dados sinais de que vão marchar também, cada um à sua maneira própria.

Sigamos!

Marcha da Maconha - Brasília
27 de maio (quinta-feira)
Catedral de Brasília
15h

13 de maio de 2010

Pedal do Silêncio em Brasília (DF)


PEDAL DO SILÊNCIO EM BRASÍLIA (DF)

Todos os anos, cerca de 1.500 ciclistas morrem nas ruas e rodovias brasileiras. São mais de 3 ciclistas por dia, vítimas de um trânsito hostil e violento, dominado por veículos automotivos, apesar de a bicicleta ser o meio de transporte mais sustentável já inventado, e, portanto, merecedora de respeito e consideração.

As ruas do Distrito Federal refletem a mesma triste estatística. Segundo dados do DETRAN/DF, nos últimos 14 anos 769 ciclistas foram mortos, o que dá uma média de 1,14 ciclista morto por semana. Ou seja, durante 14 anos consecutivos a média é a mesma, e nada se faz a respeito.

O Pedal do Silêncio é um passeio ciclístico em homenagem a todas as pessoas mortas em acidentes de trânsito enquanto andavam de bicicleta. O movimento teve sua primeira edição na cidade norte-americana de Dallas (Texas/EUA), em 16/05/2003, em homenagem ao ciclista de resistência Larry Schwartz, morto em um acidente com um ônibus. O Pedal do Silêncio prevê um passeio silencioso por alguns quilômetros da cidade, em que os ciclistas trajam uma camiseta branca e uma faixa preta em algum dos braços. A história e o propósito do evento estão em: www.rideofsilence.org

Esta será a 8ª edição do evento, que acontece simultaneamente em diversas cidades do planeta. No Brasil, o Pedal do Silêncio já acontece em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Brasília (DF).

A 2ª edição do Pedal do Silêncio em Brasília acontece no dia 20 de maio, quinta-feira, com concentração a partir das 19h, na Praça das Bicicletas (no Museu Nacional). A saída para o passeio será às 19h30. Os ciclistas deverão usar roupas brancas, e a velocidade do pedal não deverá ultrapassar 20 km/h. Recomenda-se o uso de capacetes e luvas.

SERVIÇO

Pedal do Silêncio – Brasília (DF)

Data: 20 de maio (quinta-feira)

Local: Praça das Bicicletas (Museu Nacional)

Horário: 19h (concentração)

19h30 (saída)


English Version

BRAZIL’S RIDE OF SILENCE

Every year, about 1500 cyclists are killed on Brazilian streets and highways. It means that, each day, three bike riders are victims of a hostile, violent traffic, dominated by automotive vehicles, although bykes are the most sustainable mean of transport ever invented, and therefore should be worthy of respect and consideration.

The streets of Brazil’s Federal District reflect the same shameful statistics. According to the Federal District’s Traffic Department (DETRAN/DF), in the last 14 years 769 cyclists have been killed on the streets, which means that 1,14 cyclists are killed per week. For 14 years the average is the same, and nothing has been done about it.

The Ride of Silence it’s a cyclist ride in honor to all people who got killed in traffic accidents while riding their bycicles.

This movement had its first edition in the North-American city of Dallas (Texas/USA), in May 16th 2003, in honor to endurance cyclist Larry Schwartz, who was hit by a bus, and dyed. The Ride of Silence proposes a silent ride on the streets, where cyclists wear white clothes and a black band in one of the arms. Ride of Silence’s history and purposes can be found at www.rideofsilence.org.

This will be the 8th edition of the event, which happens simultaneously in several cities of the world. In Brazil, the Ride of Silence happens in São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Brasília (DF).

In Brasília, the 2nd edition of Ride of Silence takes place in May 20th, at the Bicycles’ Square, in the National Museum, at 7 p.m., and the ride starts at 7h30 p.m. Cyclists should were a bicycle helmet, white clothes, and ride their bikes at 20km/h top.


RIDE OF SILENCE


Brasília (DF) – Brazil

When: 20th May, 2010

Where: Bicycles’ Square (National Museum)

Schedule: 7 p.m. (leaving to the ride at 7h30 p.m.)



4 de maio de 2010

Mostra de Cinema Libanês

Imagens das Guerras e do Exílio

Durante todo o mês de maio o Cineclube do Balaio Café (SCLN 201) exibirá produções recentes da cinematografia libanesa na mostra de filmes “Imagens das Guerras e do Exílio”. Sempre às segundas-feiras, de 10 a 31 de maio, com sessões às 19h30 e às 21h15, Brasília terá a oportunidade de conhecer a realidade inquietante de um país em formação.


O cinema libanês a partir da década de 90 é um cinema de interpelação. Recortado pelo drama da guerra civil (1975-1990) e pelos conflitos que se seguiram e se fazem presentes até os nossos dias, recria imagens que oscilam entre o absurdo, o luto e a crença na reconstrução. É um cinema de testemunho que se interroga sobre a intolerância e suas consequências, traçando, através da restauração da memória, o caminho inverso da destruição das cidades, das famílias e das relações humanas. Ao retratar cenas das inúmeras guerras por meio de ficção ou de documentários, o cinema libanês atual nos força a responder sobre o intolerável da existência e nos enfrenta com sua própria verdade. Além de ser cortado pelas principais questões geopolíticas atuais, busca construir sua própria démarche com tonalidade realista, ressaltando a multiplicidade política, religiosa e cultural que marca o Líbano. A produção mais recente inclui documentários, curtas, longas metragens e cinema de animação, apontando para um quadro diversificado em forma e estilos.

A mostra “Imagens das Guerras e do Exílio” traz à Brasília sete longas-metragens, entre ficção e documentário, que têm por tema a guerra civil libanesa e os conflitos que marcaram as décadas de 90 e 2000. São filmes legendados em inglês, premiados internacionalmente e de escassa exibição no Brasil, o que confere à mostra originalidade.
A mostra está sendo realizada pela Conosco – Cinema & Arte, e conta com o apoio do Balaio Café, Ossos do Ofício e Brazucah Produções, e com curadoria de Helen Leal.

Programação

10/05
19h30 Under the Bombs – ficção/2007/94’ – Dir.: Phillipe Aractinge
21h15 Pictures – documentário/43’/2007 – Dir.: Raghida Skaff

17/05
19h30 33 Days - Documentário/70’/2007 – Dir.: Mai Masri
21h15 Ring of Fire – Ficção/90’/2004 – Dir.: Bahij Hojeij

24/05
19h30 West Beirut – Ficção/105’/1998 – Dir.: Ziad Doueiri
21h15 Children of Shatila – Documentário/47’/1998 – Dir.: Mai Masri

31/05
19h30 Zozo - Ficção/102’/2005 – Dir.: Josef Fares

TODOS OS FILMES TERÃO LEGENDAS SOMENTE EM INGLÊS!

SERVIÇO

Mostra de Cinema Libanês – Imagens das Guerras e do Exílio

Datas: 10, 17, 24 e 31 de maio de 2010

Horário: sessões às 19h30 e 21h15 (exceto dia 31)

Local: Balaio Café (SCLN 201 – Bloco B – Loja 19) - (61) 3327-0732

Entrada Franca

Classificação Indicativa: 18 anos

* Todos os filmes terão legendas somente em Inglês

Realização

Conosco – Cinema & Arte

Balaio Café

Curadoria: Helen Leal

Produção: Helen Leal e Lígia Benevides

Assessoria de Imprensa: Lígia Benevides – 61. 91642520 – conosco.cinema@gmail.com

Apoio

Ossos do Ofício

Coletivo de Cineclubes do Distrito Federal