13 de maio de 2012

Dia das mães

Música para ouvir enquanto lê a postagem:


«Paula e Bebeto», de Milton Nascimento e Caetan Veloso, em «Minas», de 1975

Mais um dia das mães longe da minha. Este ano não fiz um postal para ela, como no ano passado. Mas liguei e falei com ela e com as outras mães presentes.

E porque hoje é dia das mães, eu lembrei da velha analogia que são os filmes e os filhos. Já ouvi muitos realizadores fazer essa brincadeira, especialmente quando o filme fica pronto e em pouco tempo, vai para o mundo. Acabei por pensar em algumas analogias entre as crias humanas e cinematográficas.

1. Muito dificilmente podemos fazê-los sozinhas.
2. A concepção demora e dura vários meses, geralmente.
3. É difícil ouvir alguém falar mal ou criticá-lo.
4. Fazemos não para nós, mas para o mundo.
5. A um certo momento, cria asas e já não precisa mais de nós para circular.
6. Geralmente temos orgulho do que fizemos, mesmo que não saia tão bem quanto pensamos que poderia!

E estes sãos os meus «filhos»: «Cadê a Véia?», o mais velho, de 2006; «Sons do Centro», 2006 (com Thiago Ramos); «H.O. Memórias de Arquivo», de 2007 (com Raimundo Alves), «Boca no Lixo» (2007), uma co-direção, e o mais recente, «Solilóquio para agonias distendidas», de 2011, que fiz com ajuda do João Feitor, português da gema e ótimo câmera.




Não vejo a maternidade como uma certeza em minha vida. É engraçado como ainda hoje espera-se que, a priori, uma mulher tenha o desejo e coloque como meta em sua vida a geração e criação de uma criança. Talvez porque resida nela, como ser humano do sexo feminino, a chave para a gestação da continuidade da espécie, mas podemos estar muito além do que as imposições biológicas nos dizem para estar. Esse tipo de pensamento, embora de fato pertença a muitas mulheres - provavelmente a maioria delas - começa a causar um certo constrangimento à medida que uma mulher envelhece e não tem filhos. Sempre haverá alguém para questionar a ausência da maternidade, nem que seja para puxar assunto. 

Eu, que sou uma mulher de 28 anos, já me vejo às voltas com perguntas as quais não sinto que devo responder, ou que estejam em questão. Ainda que a maternidade fosse uma meta para mim, há ainda outras que desejo conquistar e a mim me importam mais, ao menos no momento.

Já sonhei estar grávida inúmeras vezes, e inclusive sonhei, há uns dias, que carregava mesmo um bebê (que por sinal era mágico). E confesso que sempre gostei da sensação de carregar uma criança, dentro de mim ou nos meus braços. Não posso mentir: eu e as crianças nos damos bem. 

Mas, por enquanto, ainda prefiro sonhar que as tenho ao invés de tê-las de verdade. Fico com meus filmes, com meus planos de trabalho, de viagem... e o que mais pintar. Se tiver de ser, será?

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