14 de janeiro de 2010

Aqui Jazz o Meu Vizinho


Na paisagem sonora de Brasília, do lado de lá da quadra, jazz o sax do(a) vizinho(a) desconhecido(a)...

Clique aqui para assistir!


12 de janeiro de 2010

Corrupção e Impunidade



Diante de toda a sujeira que encobre o poder Legislativo e Executivo no Distrito Federal (ou melhor, Detrito Federal), com políticos corruptos vindo de todas as regiões do País, é difícil não se revoltar.

Como cidadã, me pergunto qual a saída, quais as possibilidades de intervir para ajudar a colocar esses indivíduos no xilindró (de preferência em cela comum).
A impotência perante à burocracia e ao labirinto do poder desestimulam qualquer um. Pois bem: restou-me apenas registrar minha indignação aqui, no Facebook... e na caixa de e-mail do deputado Leonardo Prudente, atual presidente da Câmara Legislativa do DF, e um dos envolvidos na propinagem que o Partido Democratas (DEM) protagonizou.

Enviei um e-mail para esse projeto de cidadão, esse biltre, esse verme, esse criminoso. Quem quiser fazer coro, o e-mail dele é dep.leonardo.prudente@cl.df.gov.br



Abaixo, o e-mail que eu enviei hoje de manhã:

Como cidadã brasileira, manifesto aqui o meu repúdio à situação vigente na Câmara Legislativa do Distrito Federal, Casa que o sr. Dep. Leonardo Prudente atualmente preside, a despeito de todas as evidências e provas de seu envolvimento com o esquema de corrupção revelado pela Polícia Federal.

Não sei como é possível que o sr. possa, legalmente, tomar posse novamente como presidente da Casa. Entretanto, se lhe cabe esse direito legal, espanta-me mais ainda a falta de consciência moral e de constrangimento que deveriam assolá-lo neste momento.


Em maio de 2009, o mundo todo teve acesso a notícias de corrupção por parte da equipe ministerial da Inglaterra, e em apenas 3 dias, oito ministros deixaram seus cargos e toda a pasta do primeiro-ministro Gordon Brown foi reformulada.


Aqui no Brasil, entretanto, não há moralidade nem ética. Espanta-me, estarrece-me, que o sr. Deputado já tenha sido vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar, durante 3 anos. É hipocrisia, ironia ou descaramento?


Como se não bastasse, a CPI da Corrupção que irá averiguar as denúncias de corrupção denunciada pela PF está entregue a mandatários do infelizmente atual governador do DF. É ridículo, é ultrajante.
O sr. deveria juntar o resto de dignidade que lhe resta e retirar-se imediatamente da Casa do Povo, pois não há nada que o sr. faça que irá resgatar sua moralidade.

Muito cordialmente,


Lígia Benevides Batista



Abaixo, os links para os vídeos que mostram o dep. Leonardo Prudente fazendo uma oração cristã (cristã???) para pedir proteção e justiça divina; e outro em que ele enfia dinheiro das propinas nas meias (devia ter enfiado no ... deixa pra lá...)

http://www.youtube.com/watch?v=xuaRqvzX5jY - Vídeo da Oração
http://www.youtube.com/watch?v=U3DoHCx0TUw - Dinheiro na Meia

9 de janeiro de 2010

Uma paródia


Mojitos
(Lígia Benevides Batista
)

Eu como porque a fome insiste
E minha larica é incompleta
Não quero peixe nem bife:
quero moqueca

Pão com fatias fininhas
Não sinto o gosto nem o momento
Atravesso a rua
pra comer pastel de vento


Motivo

(Cecília Benevides Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

6 de janeiro de 2010

Wristcutters

Pôster do filme "Paixão Violenta" - tuuuudo a ver com o título v. brasileira!

Bem, conforme eu ia dizendo, assisti agorinha no TeleCine Cult o filme Wristcutters - A Love Story (em português, Paixão Violenta [???]). Adiantei no Facebook (!) que só vi o filme porque ele estava passando no TeleCine Cult, que não costuma exibir o mesmo lixo dos canais Premium, Action e Pipoca (enfim, o resto). Afinal de contas, o que tinham em mente as pessoas responsáveis por fazer essa versão em português do título?

(A) Desmoralizar o filme perante o público brasileiro

(B) Desmoralizar o TeleCine Cult diante o público do Brasil

(C) Desmoralizar o Sindicato dos Tradutores de Filmes do Brasil S/A?

(D) Estimular o corpo estudantil de línguas estrangeira anglo-saxônicas a buscar verdadeiras versões?

(E) O.K., já entendi, o título é uma merda.

Esse título, "Paixão Violenta", não tem absolutamente nada a ver com o filme. Acho que a pessoa que fez a versão sequer leu a sinopse. A companhia de distribuição desse filme no Brasil, a Fox Home, errou feio com essa escolha. Seria tão mal traduzir o título para "Suicidas - Uma História de Amor"? É, talvez. A palavra "suícidio" é cheio que nheco-nhecos e quiprocós. O.k., vejamos então... "Amores Cortantes"? É ruim, mas é melhor que "Paixão Violenta".

"Paixão Violenta" é nome de filme que passa de madrugada, ou de livro de banca de revista impresso em papel jornal. Geralmente de produção dos EUA, esse tipo de filme se limita a possuir personagens com má formação dramática, cujos problemas são todos oriundos da high school. Esse pessoal é muito fresco. Ah, se eles tivessem estudando com Carrie... Esses personagens mal formados geralmente lidam de forma patética com seu subproblemas, não havendo limites possíveis para os remendos do conteúdo do roteiro, nem para a naturalidade frígida com que os diálogos acontecem. É tudo na base do "I love you", "I hate you" e "C'mon". Que mais? Bem, geralmente rola uma cena de sexo logo no começo do filme: o casal se ama pra caralho, eles têm uma convivência plena. Mas, a menina, geralmente uma garota muito boa e tal, descobre que o cara é psicopata (ou sociopata, hoje está mais em voga). Ele chega bem na hora em que a farsa é descoberta. Ela disfarça da pior maneira possível, ficando sem graça e dispensando seu carinho apaixonado. Como todo bom psicopata, ele é super inteligente e rapidamente percebe o que está acontecendo. Depois de torturá-la com piadinhas sexuais de baixo calão, provocando nojo no espectador e na mocinha, ele promove o leitmotiv do filme: violência seguida de promoção da insanidade mental do cidadão dos EUA. Não é à tôa que eles comem tanto.

Uma cena do filme: retrato da paixão violenta (kkkkk)

Faço aqui um apelo para que as empresas de distribuição reflitam mais sobre a tradução que vão dar aos filmes, pois casos como esse da "Paixão Violenta" deprimem o telespectador e afastam o mesmo da sala de cinema, da locadora, do vendedor 3 por $10...

Apesar do título, o filme foi, de fato, uma surpresa agradável, pois o roteiro coloca diversas situações que te levam a passar por vários sentimentos diferentes: angústia, medo, surpresa, amor, rejeição... Sem contar que o filme tem seus momentos de fazer graça bem pontuados, que acontecem quando você espera - mas ainda não percebeu. Por tratar-se de um fillme que fala sobre suicídio, a princípio imaginei que ele seria mais pesado, mais dramático. Apesar de tocar em assuntos que renderiam um drama, o filme se aprofunda mais no caminho da busca do que no ponto de chegada, o que leva o espectador a viajar tranquilamente com os personagens, sempre instigado.

A história é assim: após cometer suicídio, o jovem Zia (interpretado pelo mesmo ator de "Quase Famosos", aquele que faz o mini-jornalista fã de rock) vai parar em uma espécie de Purgatório que se assemelha muitíssimo à Terra, especialmente às cida
des-fantasma que hoje encontramos no próprio EUA (como a cidade-natal do documentarista de plantão Michael Moore). Neste local encontram-se apenas pessoas que se mataram, e os momentos dos flashbacks suicidas dão aquela pitadinha no filme. A vida lá é praticamente como a vida dos "vivos", porém pior (será o benedito?). A fotografia do Purgatório se difere das lembranças de quando os suicidas eram vivos: a primeira é acinzentada, sem cor, sem brilho, desaturada; a segunda é toda arco-íris. No começo do filme, você acha que o cara simplesmente sobreviveu e tá trabalhando em uma pizzaria, mas o diretor aos poucos lança as dicas de que não só Zia, como todos os outros, também estão mortos, em off, "suicidados": um verdadeiro Vale dos Suicidas, onde os únicos demônios são os da própria alma da pessoa.


Em busca de sua ex-namorada linda, loira e pentelha, sua causa mortis, Zia encontra um russo enjoado, cuja família toda também se matou; e a verdadeira mocinha do filme tem um figurino legal, mas a personagem é igual a todas as outras que fazem o estilo: finjo que não ligo para nada, mas no fundo tenho sentimentos. Sei que sou gatinha, mas também não faço idéia. Aparento ser
liberal, mas no fundo acho que não. And so on. O legal é que a menina tá nesse buraco por erro, pois ela não se matou, ela apenas teve uma overdose (aaaaaaaaaahhh.... bom!!). O filme acaba com um final feliz e despretensioso, mas o fato é que eu fiquei realmente feliz com o destino dos protagonistas (preciso dizer que Zia e a doidinha se apaixonam? Não, né?).


O pôster que eu mais gostei

Mas o mérito do filme vai mesmo para os cartazes, que apostaram não nas fotos still, sempre presentes nos pôsteres atuais, em detrimento da arte gráfica (uma pena... é só dar uma olhada nos cartazes mais antigos para saber que desenhado é muito mais legal e original!).


Neste filme, além de diferentes versões, o pessoal do marketing ainda mandou fazerem um cartaz horizontal (que é o must have da atualidade), esse com foto still (o que não estragou o cartaz, em definitivo. Ficou até charmoso).

Wriscutters - A Love Story

País: EUA/Inglaterra
Direção: Goran Dukic
Ano: 2006
Duração: 88 minutos

5 de janeiro de 2010

HQ das Autofotos



ares de ano bom

Não é a vida um eterno retorno?

Faz tempo que eu não escrevo.

Por ondam as palabras que sempre acompanhei, que sempre me acompanharam.

Escrever, para mim, foi desde cedo uma necessidade. E quando era criança escrevia bem mais do que escrevo agora. E eu não fiquei com nenhum dos cadernos em que escrevi minhas estórias. É insuportavelmente dolorido querer reler e não poder, absolutamente não poder. A curiosidade não dá trégua à minha falta de memória.

Talvez por isso eu tenha ficado depois praticamente obcecada em guardar e registrar tudo o que escrevi. Eu gosto de reler. Imagino que seria uma viagem no tempo poder, aos setenta e tantos anos, rever coisas que escrevi aos 8, 9, 10 anos de idade, e reviver a sensação daquela imaginação infantil que escrevi. Ao contrário de alguns escritores, tenha essa necessidade. De fato, é melhor não tê-la, mas encontro apoio na minha saudade por se tratar da minha infância.

Dito isso, e encontrada no coração um leve sopro de resignação, ponho-me a pensar que posso escrever outras histórias, como há muito tempo não o faço. Sinto a vontade pulsar em mim lentamente. Voltar a escrever, porque voltar a imaginar, a supor e a pensar.

Fazer desta casa um centro cultural de leitura, escrita, e produção de arte. Que sonho seria. Tem-se o espaço de um escritório no fundo da cozinha, como bem observou um amigo.

Começa 2010 com ares de um ano muito positivo para o trabalho. Será que porque eu estou com esta vontade, sinto-a em toda a gente ao redor? A necessidade de produzir pensamentos, textos, promover ações, mover-se física e mentalmente, que me parece tão cara à humanidade, converge-se de forma tanto positiva quanto negativa no ato de trabalhar.

Qual a diferença entre arrumar um emprego e trabalhar?

Arrisco dizer que me parece que o emprego é uma função, pré-determinada, a que uma pessoa busca em um local específico, dado na realidade da existência. O trabalho é, por sua vez, uma feitura laboral primária: é o ato em si de executar uma ação que, muitas vezes conjugada com outras, realiza, afinal, seu propósito.

Há tanto que eu tenho que ler. Creio que só assim voltarei a escrever, e escreverei então textos que valerão a pena ser lidos, textos que serão buscados ou que, se por acaso encontrados, terão sua importância.

Meus roteiros, os personagens, as vidas possíveis, as vidas vividas. A minha própria vida, meu sentido de existir atrelado ao que eu faço de tudo o que aprendi até agora. Necessidade física, de sobrevivência, de me exprimir, de ser alguém no mundo.

Hoje não posso responder a essa pergunta com a mesma segurança que um dia eu respondi.

Começa 2010 com ares de ano novo.

Ares de ano bom.